Não faço mais do que segui-lo e imitá-lo. Seu nome para os aviadores é uma bandeira. Você é nosso lider   Louis Blériot

1º voo do 14bis  23/10/1906 - 60m a 3m altura         2º voo do 14 bis 12/11/1906 - 220m a 6m de altura

14 Bis

Dormi três anos e, no mês de julho de 1906, apresentei-me no campo de Bagatelle com meu primeiro aeroplano.

 

As suas dimensões eram: comprimento, 10 metros; envergadura, 12 metros; superfície total, 80 metros quadrados; peso, 160 quilos; motor, 24 hp.

Era um aparelho grande e biplano e assim o fiz, a fim de reunir maiores facilidades para voar, pois sempre preferi os aparelhos pequenos, tanto que me esforcei por inventá-los, o que consegui com meu minúscolo Demoiselle, o aeroplano ideal para amador.

Continuando na minha idéia de evolução, dependurei o meu último balão, o nº 14; por esta razão, batizaram aquele com o nome de 14 bis. Com esse conjunto híbrido, fiz várias experiências em Bagatelle, habituando-me, dia a dia, com o governo do aeroplano, e só quando me senti

senhor das manobras é que me desfiz do balão.

 

O ponto fraco nos aeroplanos era o leme; dei, pois, sempre a maior atenção a este órgão e seus

 comandos, para os quais sempre empreguei os cabos de aço de primeira qualidade, que são usados pelos relojoeiros nos relógios de igrejas.

 

Lutei a princípio, com as maiores dificuldades para conseguir a completa obediência do aeroplano; neste meu primeiro aparelho coloquei o leme à frente, pois era crença geral nessa época, a necessidade de assim fazer. A razão que se dava era que, colocado ele atrás, seria preciso forçar para baixo a poupa do aparelho, afim de que ele pudesse subir; não deixava de haver alguma verdade nisso mas as dificuldades de direção foram tão grandes que tivemos de abandonar essa disposição do leme. Era o mesmo que tentar arremessar uma flecha com a cauda para a frente.

Exposição no Museu ICAO (Organisation de L´Aviation  Civile Internationale),   Quebec, Canada

Deutches Museum de Munique

Jornal Inglês de 1906

Publicado no LA VIE AU GRAND AIR em 22 de Setembro de 1906: "Santos Dumont é o primeiro a realizar na Europa um voo de avião.

Uma lenda correu até aqui, que é importante desmistificar. Durante os testes patrocinados pelo Ministério da Guerra, um dispositivo, construído por Arder, tinha dito alguem ter realizado o primeiro voo de um avião. No entanto, o relatório dos arquivos do Ministério da Guerra, que nunca foi publicado, mostra que, apesar das grandes somas gastas (70.000 francos ao que parece), nenhum resultado foi obtido. Apesar dos esforços dos construtores, o aparelho persistiu em não deixar o solo. Os irmãos wright, nos Estados Unidos, puderam, segundo eles, voar com seu avião, durante um circuito firme de várias centenas de metros, mas esse registro nunca foi oficializado, e é fácil duvidar de sua autenticidade.

 

“ Entre as qualidades que podem tornar um objeto antológico está sua capacidade de surpreender, e a surpresa causa espanto, mas também pode causar prazer.

Sempre olhamos com interesse as fotos de Santos Dumont levantando voo nos Campos de Bagatelle, em 1906, e talvez nos perguntemos por que essas imagens permanecem prazerosas.

Além do feito tecnológico, causa-nos surpresa o objeto: primeiro, surpresa formal, pois, aparentemente nada aerodinâmico, parece voar de costas; depois, surpresa funcional, o próprio fato de voar e, finalmente, a surpresa dos materiais utilizados na construção do aeroplano: bambu, seda japonesa, vime, cordas de piano e cera de abelha. Essa é uma boa história, em que conta, além do uso inédito do motor à explosão, a vontade e o prazer de voar.”

 

Carlos Perrone