Não faço mais do que segui-lo e imitá-lo. Seu nome para os aviadores é uma bandeira. Você é nosso lider   Louis Blériot

1º voo do 14bis  23/10/1906 - 60m a 3m altura         2º voo do 14 bis 12/11/1906 - 220m a 6m de altura

Nº 1 - 1898

Comprei um dia um triciclo a petróleo.

Levei-o ao “Bois de Boulogne” e, por três cordas, pendurei-o num galho horizontal de uma grande árvore, suspendendo-o a alguns centímetros do chão.

É difícil explicar o meu contentamento ao verificar que, ao contrário do que se dava em terra, o motor de meu triciclo, suspenso, vibrava tão agradavelmente que quase parecia parado.

 

O experimento com o tricilclo impressiona por sua simplicidade.

Pegar duas coisas prontas, uma árvore e um triciclo.

Um objeto de desenho orgânico e o outro de desenho geométrico lembra a composição surrealista e o ready made de Marcel Duchamp onde um objeto comum ganha valor quando colocado em novo contexto.

 

Corri à casa, iniciei os cálculos e os desenhos do meu balão Nº 1.

Nesta ordem de idéias, o primeiro problema que tive a resolver foi a possibilidade de levar-se um motor de explosão ao lado de um balão cheio de hidrogênio. Uma noite, tendo suspenso a alguns metros de altura o motor do meu nº 1, coloquei-o em marcha; – estava com o seu silencioso – notei que as fagulhas que partiam com os gases queimados iam em todas as direções e poderiam atingir o balão.

 

Veio-me a idéia de suprimir o silencioso e curvar os tubos de escapamento

para o chão.

 

Passei da maior tristeza à maior alegria, pois, quanto maiores eram as fagulhas, com maior forças eram jogadas para a terra e, por conseguinte, para longe do balão. Estava, pois, resolvido este problema.

O motor não poria fogo no balão.

 

Só o que precisava impedir era que em caso de escapamento dos gases do balão pelas válvulas, estes não viessem a alcançar o motor. Para impedir isto eu sempre coloquei as válvulas bem atrás, à poupa do balão,

por conseguinte longe do motor.